Notícias

Notícia

10 hábitos corporativos que não cabem em empresas do século 21

A maioria das empresas nasceu de um modelo oriundo de uma hierarquia militar, e também de uma lógica industrial, linear. Chegou a hora de mudar.

Assim como as pessoas, as empresas muitas vezes cultivam hábitos que não fazem bem para elas mesmas. São práticas nocivas que se enraizaram com o tempo e que em muitos casos foram consideradas positivas em algum momento da história, mas que hoje já se sabe não serem tão benéficas assim.

“A maioria das empresas ainda não se adaptou a este mundo em constante transformação. Elas nasceram de um modelo hierárquico, oriundo de uma hierarquia militar, e também de uma lógica industrial, linear”, afirma Daniel Gurgel, CEO da Polifonia, uma escola de protagonismo criativo.

Esses hábitos já ultrapassados não são restritos apenas a grandes corporações, ressalta Alexandre Rangel, da Alliance Coaching. “Não tem diferença se a empresa é grande ou pequena, o que importa é o comportamento das pessoas”, afirma.

Nesse mundo já não tão linear, uma característica importante é que as pessoas estão menos preocupadas em ter um emprego para a vida toda, e mais interessadas em trabalhar com algo que faça sentido para elas.

“O mundo está mudando. As pessoas estão começando a entender que o que mais conta é o propósito, é saber se a empresa em que eu trabalho está me ajudando a chegar aonde eu quero. E as empresas que estão ligadas nisso estão percebendo que, quanto mais você cria contexto e transparência para as pessoas, mais resultados você tem, mais lucro”, afirma Ana Julia Ghirello, CEO da incubadora Abellha, na qual o modelo de gestão permite que cada um escolha com o que deseja trabalhar (saiba mais aqui).

E você? Já parou para pensar sobre os hábitos que cultiva na sua empresa? Será que no dia a dia do seu negócio ainda sobrevivem hábitos nocivos e ultrapassados? Para ajudá-lo a fazer esse exame, elencamos dez hábitos corporativos que não cabem mais numa empresa do século 21. Veja a seguir:

1 – Indisciplina e atrasos

Esse é um problema bem comum no Brasil. A empresa marca uma reunião às 9h, mas as pessoas, ou pior ainda, o chefe, só chega para o encontro às 9h30.

“É uma coisa absolutamente básica, mas as pessoas não estão habituadas a respeitar o horário e isso é um desrespeito a quem chega na hora. Com isso, a coisa se torna absolutamente improdutiva”, afirma Alexandre Rangel, da Alliance Coaching.

Pior ainda é quando a reunião se perde em conversas que têm pouco a ver com o tema a ser discutido, o que leva a perda de tempo e falta de clareza para o trabalho.

2 – Rigidez de horários

Não tolerar atrasos não significa que a sua empresa precisa ter o mesmo horário de trabalho para todos os funcionários. Afinal, disciplina é diferente de rigidez.

“Eu adoraria que todo mundo trabalhasse nos horários em que eu trabalho. Mas as pessoas são diferentes. Se a função da pessoa permite e ela trabalha melhor em casa, por exemplo, não importa para mim se ela vai fazer aquilo de manhã, de tarde ou de noite, contanto que dê conta daquele objetivo”, defende Ana Júlia, da Abellha.

Segundo a CEO, porém, é necessário planejar direito essa questão, para garantir, por exemplo, que toda a equipe se encontre em algum momento e para que a flexibilidade não atrapalhe o negócio.

3 – Falta de clareza

Não definir bem as metas da empresa nem a responsabilidade específica de cada um também é um hábito comum entre as empresas, e que só gera confusão e morosidade.

“Ás vezes a empresa coloca como meta ‘melhorar o serviço de entrega’. Isso não é especifico. Melhorar o quê? De quanto para quanto? Fica muito vago, e esse comportamento de não esclarecer o que se quer gera muita improdutividade e retrabalho”, explica Alexandre Rangel.

Outro comportamento semelhante é não definir claramente a responsabilidade de cada um dentro da empresa. “Conheço o caso de uma empresa que estabelece metas coletivas e nunca as atinge, porque ninguém sabe a sua responsabilidade, a sua fatia dentro daquela meta”, exemplifica.

4 – Penalizar o erro

Inovação é a palavra do momento para as empresas. Porém, como conseguir inovar se o seu negócio não dá espaço para os funcionários tentarem coisas novas e – por que não – cometerem erros pelo caminho?

“As empresas não têm tolerância ao erro, querem reduzir os riscos para maximizar os lucros e no mundo de hoje isso é impossível. É preciso haver uma apreciação do erro, enxergar o erro como único caminho para a inovação, mas nas empresas ainda existe muito a cultura do curto prazo, o que gera ansiedade. O mundo da inovação é feito de incertezas”, afirma Daniel Gurgel da escola Polifonia.

5 – Ideias engessadas

Se a sua empresa quer mesmo inovar também precisa começar a repensar a forma como promove mudanças estratégicas. Segundo Gurgel, em geral as empresas tendem a dar passos estratégicos de médio prazo, o que não facilita a experimentação.

“É preciso cultivar uma mentalidade de prototipagem. Fazer um microprojeto para testar algo e receber feedbacks antes de investir numa mudança maior”, defende.

6 – Não delegar e não acompanhar

Um defeito comum entre as lideranças das empresas – e que não combina com negócios do século 21 – é a dificuldade de delegar tarefas. O problema é que, se você não delega, sua equipe não progride e quem perde é o negócio.

“Muitas vezes o negócio tem uma liderança muito perfeccionista, com um perfil mais centralizador. Se o chefe não confia na capacidade dos seus liderados, ele vai prejudicar não só a ele, mas também a equipe”, afirma Rangel.

Outro comportamento comum entre os líderes numa empresa – e nocivo para o negócio — é não acompanhar a execução de uma tarefa. “Aquilo que você pede para alguém fazer vale 5%. Verificar depois se a tarefa foi cumprida vale 95%”, diz Rangel.

7 – Falta de diálogo

Tomar decisões na cúpula da empresa e apenas comunicar o resultado da discussão para os funcionários é um típico hábito corporativo que não cabe mais em empresas do século 21. “A coisa chega ao restante da empresa como ordem, sendo que às vezes existem centenas de cérebros embaixo daquela cúpula que poderiam contribuir também”, afirma Ana Júlia, da Abellha.

“É claro que é mais rápido ter uma decisão vertical. Se a discussão é compartilhada, precisa haver muito mais acordo, mais processos. Mas um cérebro sempre vai pensar com menos abertura do que vários”, pondera.

8 – Sem transparência

Outro hábito semelhante é quando os donos da empresa tomam uma decisão e aquilo chega para os funcionários apenas como uma ordem, sem contexto. “É importante que as pessoas saibam a razão e a importância daquela tarefa. Executar algo sem saber por que é super desmotivador. Mas se existe transparência, o cara que às vezes está com uma tarefa chata pensa: ‘Eu entendo por que tenho que fazer isso. É meio chato, mas é necessário’”, completa Ana Julia.

9 – Prioridades e prazos

O diálogo e a transparência são importantes, mas, para andar bem, uma empresa também precisa de uma boa dose de objetividade. Porém, muitas vezes não é o que acontece.

“É muito comum a falta de foco. As pessoas têm uma dificuldade muito grande de decidir, e por isso não elegem os processos que deveriam receber a maior quantidade de recursos e energia, quer controlar tudo e termina não controlando nada”, diz Rangel.

E se falta saber o que fazer como prioridade, também é comum não saber quando fazer, ressalta o especialista. “Peço uma coisa e não digo até quando, digo ‘o mais rápido possível’. Isso gera muito conflito e desentendimento”.

10 – Politicagem

O último ponto diz respeito à estrutura de cargos de cada empresa. Em geral, as estruturas hierárquicas são engessadas e há pouco espaço para um bom funcionário se desenvolver. Isso gera disputa e politicagem, o que também não é positivo para o negócio.

“Acaba existindo nas empresas uma escada para você chegar ao topo. É quase um jogo de tabuleiro e isso leva à politicagem, à disputa pelo poder. Mas, se os cargos não fossem tão estanque, isso atenuaria a politicagem. Geraria um ambiente de verdadeira meritocracia onde quem se coloca e toma a frente é recompensado e não visto como uma ameaça pelos outros. A politicagem tem a ver com esse jogo de poder”, explica Gurgel.